quarta-feira, 31 de julho de 2013

SÍRIA EXIGE QUE ONU CONDENE ATENTADO TERRORISTA EM DAMASCO

Damasco, (Prensa Latina) A Síria exigiu hoje à ONU a condenação enérgica do atentado terrorista com um carro bomba que matou nesta quinta (25) 10 pessoas e feriu 66, em uma importante praça de Jaramana, localidade da periferia de Damasco.


Em cartas idênticas ao Conselho de Segurança e ao secretário geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, o Ministério de Relações Exteriores e Emigrantes demandou à entidade a renovação de sua postura de rejeição ao terrorismo e que exija às partes que apoiam grupos terroristas armados na Síria para suprimirem qualquer apoio logístico e militar.

Além disso, pediu o comprometimento com os convênios internacionais e as resoluções do Conselho de Segurança dirigidos a combater o terrorismo.

Damasco pediu ao Conselho de Segurança que emita uma forte mensagem aos autores do crime onde se evidencie a postura unificada de seus membros frente ao terrorismo, sem dupla moral que anime os extremistas a continuar seus crimes.

O atentado terrorista foi reivindicado pelo Estado Islâmico no Iraque e no Levante, organização filiada à rede terrorista Al Qaeda, e deixou severos danos aos logistas, automóveis, edifícios e moradias dessa região residencial.

A ONU e os Estados Unidos mantêm o grupo dentro da listagem de organizações terroristas.

Desde o início do conflito, há mais de dois anos, o governo sírio tem exigido ao Conselho de Segurança a condenação de cada ato terrorista dos radicais islâmicos filiados aos grupos opositores armados que pretendem o derrocamento pela força do presidente Bashar Al-Assad.

Até o momento, o organismo continua sem emitir uma condenação explícita a tais crimes diante da divergência de seus membros sobre a natureza, composição e propósitos da chamada insurgência armada.

Recentemente, os Estados Unidos aprovou a entrega de equipamento bélico aos irregulares, apesar do perigo de que ditas armas caiam em mãos de fundamentalistas do Estado Islâmico no Iraque e no Levante, que defendem avariar o Estado laico sírio e impor um califado regido pela sharia (lei islâmica).


TROPAS DE ASSAD TOMAM A CIDADE DE HOMS

Uma das maiores cidades da Síria, Homs, foi praticamente tomada pelas tropas de Bashar Assad. Esta vitória do presidente sírio tem uma importância simbólica: os rebeldes consideram Homs a “capital da revolução”. O governo oficial afirma que a libertação da cidade dos opositores armados é um ponto de viragem na guerra civil que dura já há dois anos.

As tropas governamentais continuam a combater os rebeldes em várias regiões do país. A recuperação de Homs foi a sua mais recente vitória. Esta é a terceira maior cidade síria. Ela está agora praticamente toda sob o controle dos militares de Assad.
Dentro de dois-três dias, a cidade deverá ser totalmente “limpa” de rebeldes, informam as autoridades sírias, considerando esta conquista um momento de viragem com influência em toda a futura contraposição com os rebeldes.

Georgui Mirsky, especialista em questões do Oriente Médio, comenta a situação:
“Homs é de fato uma cidade importante. Durante dois anos, as tropas do governo não a conseguiram tomar. Estamos realmente perante um caso único! Durante dois anos, todo um Exército bem armado não conseguiu conquistar uma cidade que era defendida, segundo palavras de Bashar Assad, por um simples punhado de terroristas, bandidos e delinquentes!”

Na opinião de Mirsky, a vitória em Homs, tal como outras campanhas bem-sucedidas do Exército, tem a ver com a entrada do Hezbollah nos combates ao lado de Assad. A guerra na Síria adquire cada vez mais traços de guerra religiosa, ou seja, ela se está transformando num confronto entre sunitas e xiitas.

Por isso, o grupo libanês Hezbollah, constituída por xiitas, considerou como seu dever apoiar o seu irmão Bashar Assad. O resultado foi toda uma série de vitórias militares das tropas governamentais sírias, incluindo a tomada da cidade de Quneitra, conforme explica Evgueni Satanovsky, presidente do Instituto do Oriente Médio.

“As tropas governamentais estão vencendo, em primeiro lugar, devido ao fato de disporem de aviação e blindados. Em segundo lugar, por terem agora mais homens, à custa dos combatentes do Hezbollah, que as vieram ajudar. Trata-se de cerca de oito mil homens, que estão combatendo do lado de Assad. Acontece que, até agora, o Exército tratava exclusivamente de defender os edifícios do Estado, as bases aéreas e as infraestruturas aeronáuticas. Mas quando há um número suficiente de soldados para poder entrar em ofensiva, passa-se à ofensiva”.

Mesmo assim, é ainda prematuro dizer que a vitória das forças de Bashar Assad é um dado adquirido. Por enquanto, a oposição armada tem tido apenas a ajuda das monarquias do Golfo Pérsico. No entanto, os EUA poderão em breve passar a apoiá-la.
Existe apenas uma pequena dúvida. Os americanos receiam com razão que as armas que eles estão prontos a entregar aos rebeldes vão parar às mãos de extremistas islâmicos e não de opositores moderados. Acontece que quem domina atualmente a oposição síria são os radicais da Jabhat al-Nusra e não os representantes do Exército Livre Sírio. Chega-se até a uma situação em que alguns opositores de ontem de Assad acabam por depor as armas, considerando que é melhor o país ser governado por Assad do que por sanguinários de estruturas ligadas à Al-Qaeda.

Tudo isto pode obrigar os EUA a abandonar a ideia de fornecer mísseis portáteis à Síria. Para além disso, conforme sublinhou Evgueni Satanovsky, os americanos estão habituados a apoiar os vencedores e, se as tropas de Assad continuarem a combater com sucesso os rebeldes, os EUA não irão entrar numa guerra perdida à partida.

Fonte: Artiom Kobzev - Rádio Voz da Rússia


TROPAS DE ASSAD E REBELDES LUTAM PARA FICAR COM A MAIOR PARTE DA SÍRIA


Bashar al Assad está tomando Homs das mãos dos insurgentes, depois de os rebeldes terem avançado no norte e no sul da Síria, em uma nova demonstração, na opinião de analistas, de que nenhum dos lados conseguirá se impor e de que a guerra civil levará a uma inevitável divisão do país.
"O regime, que consolidou sua vitória em Homs, controla toda a região que vai de Damasco até as zonas costeiras. Os rebeldes, por sua vez, controlam o norte e o vale do Eufrates (Aleppo, Raqqah, Dayr az Zawr), enquanto os curdos, cada vez mais autônomos, dominam o nordeste", afirmou Karim Bitar, pesquisador do Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas (IRIS).
O governo sírio anunciou na segunda-feira a retomada de um bairro chave da cidade de Homs, terceira maior da Síria e um dos símbolos da revolta, após uma ofensiva violenta que durou um mês
Esta foi a segunda vitória do regime em menos de dois meses. Em 5 de junho, o exército tomou Quseir (no centro-oeste), cidade da província de Homs, que foi controlada pelos rebeldes por um ano.
Porém, ambos os lados acumulam vitórias e derrotas. Antes de Homs, nas últimas semanas, os rebeldes haviam avançado na região de Daraa (sul) e na província de Aleppo (norte), tomando a cidade de Jan al Asal, depois de terem matado 150 soldados, de acordo com uma ONG.
Enquanto isso, os curdos, que representam 15% da população, tentam conquistar um território autônomo no norte da Síria, sob o olhar preocupado da Turquia.
"Por isso, as posições não devem mudar muito imediatamente e já estão bastante claras, à espera de uma eventual Cúpula de Genebra 2", organizada por Washington e Moscou, disse Bitar.
"Mas quanto mais tarde esta cúpula for realizada, mais a unidade do Estado sírio estará ameaçada, uma vez que já podem ser vistas hoje leis diferentes, bandeiras diferentes, economias locais e governos locais", acrescentou.
Segundo ele, "não se visualizam os incentivos que seriam oferecidos às diferentes partes durante as negociações para fazê-las abrir mão das suas conquistas atuais".
De acordo com os analistas, a tomada de um bairro ou de uma localidade já não significa uma vitória real para nenhum dos lados.
"É preciso encarar os fatos: chegamos a um ponto morto e cada vitória do poder ou da oposição é uma vitória com um custo devastador. Ganhar hoje vários quilômetros quadrados não resolve nada", avalia Jatar Abu Diab, especialista em Oriente Médio da Universidade Paris-Sud.
"O Ocidente impede a vitória do regime, enquanto a Rússia, a China e o Irã fazem o mesmo em relação à oposição. Portanto, não haverá nem vencedor nem vencido", acrescenta.
De acordo com o cientista político, "o conflito sírio se transformou em um foguete de três estágios: o nível local, o regional e o internacional, tendo no topo os russos e os norte-americanos."
Apesar do otimismo do secretário de Estado, John Kerry, a realização de Genebra 2 parece difícil devido às divergências em relação à sua finalidade e aos seus participantes.
"Sem um acordo global entre russos e americanos, nada será resolvido, e isso requer um compromisso pessoal dos presidentes Barack Obama e Vladimir Putin, já que estamos em um conflito onde se projeta a face do Oriente Médio para os próximos anos, se não para as próximas décadas ", disse Abu Diab.
Para Rami Abdel Rahman, diretor do Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), uma ONG com sede na Grã-Bretanha que obtém informações de uma ampla rede de ativistas e médicos na Síria, cada lado acredita que pode prevalecer, "o que seria uma ilusão".

"Os Estados que dão armas aos rebeldes crendo que assim podem criar um equilíbrio na luta não são sérios. Preferem uma divisão", conclui.