A República Árabe Síria é um país
do Oriente Médio com 20 milhões de habitantes (estimativa de 2008), que faz
fronteira com o Líbano e o Mar Vermelho a oeste, com a Jordânia ao sul, com o
Iraque a leste, com a Turquia ao norte e com Israel no sudoeste. Sua capital,
Damasco, é uma das cidades mais antigas do mundo. O estado é laico, e convivem
no país diversas comunidades religiosas, como os cristãos, drusos, muçulmanos
sunitas e xiitas. As mulheres sírias tem livre acesso à universidade, ao mercado
de trabalho e à participação na vida política do país, em igualdade de
condições com os homens, em contraste com o que acontece em países como o Catar
e a Arábia Saudita, onde as mulheres são proibidas até de dirigir carros.
A Síria obteve a sua independência
da França em 1946 e tornou-se um dos mais prósperos países árabes, com uma
economia bastante diversificada, em que se destacam a agropecuária (25,9% do
Produto Interno Bruto), a indústria (27,2%), o setor de serviços (46,0%) e o
turismo. A Síria sempre apoiou o nacionalismo e o pan-arabismo, unindo-se ao
Egito em 1958 para criar a República Árabe Unida (RAU) e participando de todas
as campanhas militares contra a ocupação sionista promovida pelo Estado de
Israel, perdendo o controle das colinas de Golan na Guerra dos Seis Dias, em
1967.
O país é governado desde 1963
pelo partido Baas, de orientação nacionalista e socialista, sendo o atual
presidente Bashar Assad, que assumiu o seu primeiro mandato em 2000. Há
diversos partidos políticos no país, como o Partido Comunista Sírio, o Partido
da União Democrática Socialista, o Partido Sindicalista Socialista, o Partido Nacional Al-Ahd, entre outros, e em 2012 o Congresso votou
uma nova Constituição para o país, que foi posteriormente submetida a referendo
popular. No mesmo ano, foram realizadas eleições para os governos estaduais.
Em 2011, ocorreram protestos
populares pacíficos contra medidas econômicas do governo, o que serviu de
pretexto a grupos fundamentalistas islâmicos para iniciarem ações terroristas
numa tentativa de desestabilizar o governo, tais como atentados a bomba em
igrejas, mesquitas, supermercados e escritórios, assassinato de líderes
religiosos, decapitação de soldados do exército sírio aprisionados e outras
ações, insuflando uma guerra civil religiosa, com o objetivo de substituir o
atual estado laico por um califado islâmico. Jihadistas de diversos países
muçulmanos, como o Paquistão, o Marrocos e a Chechênia chegaram à Síria através
da fronteira com a Turquia e formaram o chamado “Exército Livre Sírio”, que
logo recebeu apoio financeiro, militar e logístico dos Estados Unidos e das
monarquias do Golfo Pérsico, em especial o Catar e a Arábia Saudita.
Conforme matéria publicada no
jornal O Estado de S. Paulo em 26 de
março deste ano, foram realizados mais de 160 voos de carga militar para os
“rebeldes” desde janeiro de 2012, incluindo armas de infantaria, artilharia e
equipamentos de todo tipo. Ao mesmo tempo, os Estados Unidos e a Europa
aprovaram severo embargo econômico contra o país árabe, numa tentativa de minar
o apoio popular ao governo. A desmontagem de dezenas de fábricas sírias pelos
“rebeldes”, transportadas em caminhões para a Turquia, é outra forma de
sabotagem econômica. No campo político, a Liga Árabe, formada por países que em
sua maioria são alinhados com os Estados Unidos, expulsaram a Síria da
organização e aprovaram, em recente encontro de cúpula, o financiamento e a
ajuda militar aos “rebeldes”, enquanto Israel, que já bombardeara um centro de
pesquisas em território sírio, apelou para que a Liga Árabe invadisse a Síria,
com a esperança de que a hipotética ação militar dos países do Golfo derrubasse
o governo de Bashar Assad.
Uma ação militar estrangeira
contra a Síria esbarra na oposição da Rússia, China, Irã e de países como o
Brasil, a África do Sul e a Índia, que defendem uma solução pacífica negociada
para o conflito. No final de 2012, Bashar Assad fez uma proposta de diálogo aos
grupos de oposição dispostos a negociar. Ao mesmo tempo, surgem movimentos de
solidariedade à Síria e contra as tentativas do sionismo e do imperialismo de
destruir esse país árabe, como a recente passeata que aconteceu em São Paulo no dia 23 de
março, que reuniu centenas de pessoas na Avenida Paulista, que foram manifestar
o seu repúdio ao terrorismo dos grupos fundamentalistas e o seu apoio à paz e à
soberania da Síria.
Por que o imperialismo quer
destruir a Síria?
O imperialismo quer controlar a
produção e distribuição de petróleo no Oriente Médio, as rotas marítimas, o
comércio exterior e os pontos estratégicos na região, e para isso precisa eliminar os poucos governos soberanos e independentes que se opõem aos seus
planos, como os do Líbano, do Irã e da Síria. Além disso, o enfraquecimento
desses países ajuda Israel a manter a ocupação dos territórios palestinos. A
Síria, única aliada árabe do Irã, sempre apoiou a causa palestina e também o
Hezbollah, que resistiu à invasão sionista no Líbano.
Quantas pessoas morreram no
conflito na Síria?
Não há dados confiáveis, mas os
veículos de comunicação apontam entre 40 mil e 60 mil mortos desde o início do
conflito, em 2011.
Quem é o “Exército Livre Sírio”?
O “Exército Livre Sírio” é
formado por diversas organizações, sem uma estrutura unificada de comando,
incluindo combatentes de diversos países muçulmanos (Paquistão, Arábia Saudita,
Líbia, Marrocos, Chechênia etc.) que têm bases na Turquia. Muitos são fundamentalistas islâmicos ligados
à Fraternidade Muçulmana, à Al-Qaeda e outras organizações. Seu objetivo é
derrubar o governo de Bashar Assad e implantar um califado islâmico.
Bashar Assad é um ditador
sanguinário que mata a própria população?
A mídia ocidental, formada por
grandes empresas de comunicação que têm interesses econômicos e políticos
alinhados aos Estados Unidos, retratam a realidade síria de forma distorcida,
para conquistar apoio da opinião pública contra o governo de Bashar Assad e
tentar justificar uma possível agressão militar a esse país. A mídia não
informa que os grupos “rebeldes” realizam ações terroristas contra a população
civil. O exército sírio combate militarmente esses grupos para defender a
segurança da população e a soberania nacional.
O conflito na Síria pode levar a
um conflito regional?
A Rússia e a China, que
participam do Conselho de Segurança da ONU, são contrários a qualquer agressão
militar contra a Síria, e a Rússia, que mantém bases militares nesse país,
enviou recentemente uma esquadra para a região. Uma intervenção da OTAN na
Síria, tal como aconteceu na Líbia, parece pouco provável. A estratégia inicial
do imperialismo era insuflar uma guerra civil religiosa que levasse à queda de
Assad e à divisão do país, mas até o momento os “rebeldes” estão longe de
atingirem esse objetivo. Uma hipotética agressão da Turquia ou de Israel à
Síria não está descartada, mas a aliança entre a Síria, o Irã e o Hezbollah
poderia levar a um conflito regional. Os esforços diplomáticos de Rússia, China
e dos BRICS são essenciais para uma solução negociada do conflito.