sábado, 30 de março de 2013

DIÁRIO DA GUERRA (I)





“A guerra é a continuação da política por outros meios” – Clausewitz

A Coalizão Nacional Síria, que representa as forças opositoras ao governo de Bashar Assad, assumiu uma cadeira na Liga Árabe e inaugurou sua “embaixada” no Catar, fatos que indicam a nova estratégia dos mercenários: obter reconhecimento como “governo paralelo” ou “governo no exílio”, o que facilitaria a exclusão do governo legítimo da Síria de organizações internacionais e a ampliação das sanções econômicas e do isolamento político. A constituição de um “governo no exílio” também permitiria, em tese, a imposição de uma zona de exclusão aérea no território sírio, ou mesmo a intervenção militar dos países ocidentais. Estratégia semelhante a esta foi adotada na Líbia, mas o cenário internacional é muito diferente: a Rússia já se manifestou contra a hipótese de que a cadeira da Síria na ONU seja ocupada pela coalizão, e mantém o seu veto no Conselho de Segurança contra qualquer agressão imperialista a Damasco. A China e o Irã acompanham a Rússia na defesa de uma saída negociada para o conflito. A reunião dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) em Durban também manifestou o respeito à “independência da Síria”, numa clara referência à ingerência da Turquia, da Liga Árabe e dos Estados Unidos no conflito, que já dura dois anos e resultou em cerca de 70 mil mortos, segundo a ONU. Enquanto a crise política permanece sem uma solução à vista, no campo militar os “rebeldes” anunciaram a captura de Dael, província localizada na fronteira com Israel, as Colinas de Golã e a Jordânia. Não há confirmação oficial dessa notícia. Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos, nas últimas 24 horas morreram quinze rebeldes e um jornalista que estava entre eles nos combates em Dael, além de doze soldados e dez civis, incluindo uma criança. No norte do país, nove civis, entre eles duas crianças e quatro mulheres, morreram atingidos por um míssil que caiu na cidade de Hreitane, situada a noroeste da província de Aleppo, segundo o OSDH. Na cidade de Aleppo, os combates causaram a morte de 14 partidários do regime armados no bairro de maioria curda de Cheikh Makssoud. No mesmo setor, morteiros deixaram oito mortos, incluindo duas crianças e 60 feridos. Nas imediações de Damasco, novos combates aconteceram em vários bairros, principalmente em Qaboun e em Yarmouk. No total, cerca de 150 pessoas morreram na quinta-feira na Síria, incluindo 14 estudantes e uma criança mortos em um ataque com morteiros na Universidade de Damasco, segundo o OSDH.


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