Novas acusações alegam o uso de armas
químicas pela Síria. Nós escutamos coisas parecidas antes. Obama sinaliza que o
seu uso é um “divisor de águas”. Ele também disse que tal uso cruza “uma linha
vermelha.”
Por Stephen Lendman, no Global Research
Os oficiais sírios são inequívocos. Semanas antes, o vice-ministro das Relações Exteriores sírio Faisal Miqdad falou por outros ao dizer: “A Síria volta a reforçar, pela décima, centésima vez, que se nós tivéssemos tais armas, elas não seriam usadas contra o nosso povo. Nós não cometeríamos suicídio.”
Alegar o uso de armas químicas pela Síria lembra as falsas acusações sobre as armas de destruição em massa de Saddam. É semelhante às falsas acusações contra todos os inimigos dos Estados Unidos.
Grandes mentiras começam guerras. Elas as facilitam. As perpetuam. Gore Vidal disse uma vez: “Nossos governantes, por mais de meio século, garantiram que nós nunca soubéssemos da verdade sobre nada que o nosso governo fez para outras pessoas, isso para não mencionar o que ele fez para as nossas pessoas”.
A Síria é a guerra de Washington. Estava planejada há anos. Seu objetivo é uma mudança de regime. A América está envolvida desde o início. Governos independentes não são tolerados.
A tão chamada ajuda “não letal” representa a ponta do iceberg da América. A CIA está envolvida em facilitar carregamentos marítimos de armas. Chegam enormes montantes. Esquadrões da morte apoiados pelos Estados Unidos são bem abastecidos.
A questão é se Obama planeja uma intervenção direta. Cerca de 200 grupos militares dos EUA foram implantados na Jordânia. Eles estão posicionados ao longo da fronteira síria. John Kerry anunciou que iria dobrar a ajuda dos EUA aos insurgentes.
Por um lado, o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen diz que nenhuma intervenção está planejada. Por outro, ele deu pistas de possivelmente partir para isso. O comandante-supremo das Forças Aliadas da Otan, almirante James Stavridis, diz que está pronto para agir se lhe pedirem.
Talvez o artigo quinto do Tratado do Atlântico Norte seja
invocado. O artigo considera um ataque (real ou de outro modo) contra um ou
mais membros [da Otan] um ataque contra todos eles. Convoca uma ação coletiva.
Haverá um incidente planejado? Estarão as armas químicas cruzando a “linha vermelha” de Obama? Será que a Otan vai invocar o artigo quinto? A agressão imperialista virá em seguida? Talvez Obama tenha isso
No começo de abril, oficiais da inteligência dos EUA anônimos alegaram que a Síria usava armas químicas. Dois supostos incidentes em Damasco foram citados.
Em um discurso de março, Obama disse: “Nós não vamos tolerar o uso de armas químicas contra o povo sírio. O mundo está assistindo, e nós vamos responsabilizar o país por isso.”
No final de março, evidências críveis do uso de armas químicas por insurgentes vieram à tona. A força armada síria disse que um foguete feito em casa tinha sido lançado.
Ele continha CL17. É uma forma de cloro. Induz vômitos, desmaios, sufocamentos e ataques epiléticos. Aqueles nas áreas próximas são afetados.
O distrito de Khan al-Asal foi atacado. Fica no sudoeste de Alepo. Forças governamentais o controlam. Membros do Jihad atacaram uma barreira alfandegária controlada pelo exército.
Uma fonte de um hospital local disse que ele pessoalmente testemunhou o pessoal do exército ajudando os feridos. Mais de duas dúzias de mortes foram contabilizadas. Elas incluíam soldados sírios.
Diplomatas europeus reconheceram o ocorrido. Eles mentiram alegando “fogo amigo.”
O Reino Unido e a França disseram que a Síria usou armas químicas mais de uma vez desde dezembro. Diplomatas anônimos alegam que amostras do solo, entrevistas com testemunhas e fontes da oposição apontam para o uso de gases de nervos perto de Alepo, Homs e possivelmente Damasco.
De acordo com diretor de Inteligência Nacional James Clapper, as acusações estão sendo avaliadas. Alguns oficiais de inteligência dos EUA são céticos a respeito. Sem os censores norte-americanos na Síria, determinar o uso de armas químicas já é bastante difícil. Mais difícil ainda é decidir quem é responsável se evidências críveis são encontradas.
Segundo um oficial de defesa anônimo dos EUA, qualquer um poderia plantar evidências do uso de armas químicas. “Encontrá-las em um terreno que não é nosso é muito difícil, especialmente quando estamos falando de agentes não persistentes.”
“Nós não podemos ter certeza de que as amostras não foram contaminadas por pessoas que têm interesse em tentar envolver a comunidade internacional.”
Ele completou que os testes conduzidos pelo Reino Unido não foram conclusivos. Não foram fornecidos detalhes de onde as amostras foram recolhidas e quem as entregou. Não foi encontrado um uso significativo de agentes químicos.
Supostos relatos de testemunhas oculares culpavam Assad. Mais tarde, foi provada sua falsidade. Israel produziu alguns novos. No dia 23 de abril, o Haaretz noticiou que “Israel confirma que o regime sírio usou armas químicas contra rebeldes”.
De acordo com o general-chefe da Divisão de Pesquisa da Inteligência Militar Itai Brun: “Até onde chega o nosso conhecimento profissional, o regime usou armas letais químicas em uma série de ocasiões, incluindo o incidente do dia 19 de março.”
Ele citou evidências fotográficas. De quem, ele não disse. Elas são fáceis de fabricar. Supostamente, elas mostram vítimas espumando pela boca com as pupilas contraídas. Ele alega que a arma usada era feita de gás sarin.
“O regime tem usado cada vez mais armas químicas”, ele alega. “O simples fato de eles usarem armas químicas sem qualquer reação apropriada – esse é um desenrolar muito preocupante, porque pode sinalizar que é uma situação legítima.”
Ele alega que a Síria tem um “grande arsenal de armas químicas, mais de 1000 toneladas de químicos, centenas de bombas aéreas e uma boa quantia de ogivas e mísseis de superfície que podem ser carregados com armas químicas.”
“Como isso vai se desenrolar é uma boa questão. Nós precisamos estar bastante preocupados com o fato de que armas químicas podem chegar às mãos de pessoas menos responsáveis que não consideram as consequências de suas ações.”
Eles “não fazem cálculos normais de custo-benefício.” Ele diz que isso é “preocupante.”
Ao mesmo tempo, ele não tem certeza se o conflito regional vai incluir o uso generalizado de armas químicas. Ele ressaltou que “é necessário ver como a situação se desenrola em curto prazo.”
Dias antes, Netanyahu falou sobre a questão: “Nós estamos preparados para nos defender se a necessidade surgir e eu acho que as pessoas sabem que o que eu digo é ao mesmo tempo calculado e sério". “Nós temos de estar muito incomodados com a possibilidade de que armas químicas caiam nas mãos de atores menos responsáveis". “É certamente possível que ocorram outros incidentes de ataques contra Israel por outras organizações que obtenham diferentes tipos de armas.”
Em uma reunião de ministros do exterior da Otan. John Kerry incitou os membros a responder caso seja determinado que a Síria usa armas químicas. “Nós deveríamos cuidadosamente e coletivamente considerar como a Otan está preparada para responder e proteger seus membros de uma ameaça síria, incluindo qualquer ameaça potencial de armas químicas”, disse ele.
Ao mesmo tempo, ele falou com Netanyahu por telefone. “Ele não estava em posição de confirmar (o uso de armas químicas) na conversa que tivemos.”
“Eu ainda não sei se os fatos existem. Eu não acho que ninguém saiba ao certo.”
Separadamente, o secretário de defesa Chuck Hagel disse que a inteligência a respeito do uso de armas químicas segue inconclusiva. Seu porta-voz George Little completou:
“Nós reiteramos nos termos mais fortes possíveis a obrigação do regime sírio de salvaguardar seus estoques de armas químicas, e não usar ou transferir tais armas para grupos terroristas como o Hezbolá.”
Os eventos daqui em diante demandam exames minuciosos. Obama pode estar planejando mais guerra. Não se engane. Ele vai tirar o máximo proveito das bombas da maratona de Boston. Vai fazer isso em casa e no exterior. Os Estados párias operam assim.
* Stephen Lendman vive
Fonte: Opera Mundi e Portal Vermelho
Nenhum comentário:
Postar um comentário